A dor crónica é uma condição que afeta cerca de 3 milhões de portugueses. Destes, 50% enfrentam alterações significativas em suas vidas devido à dor. Mas o que exatamente caracteriza a dor crónica e como podemos melhorar a qualidade de vida daqueles que sofrem com dores persistentes?
O papel da dor
A dor desempenha um papel crucial em nosso organismo, servindo como um alerta. O nosso corpo deteta estímulos nocivos por meio de sensores especiais chamados nociceptores. Esses sensores são capazes de identificar estímulos térmicos (como queimaduras), mecânicos (como pancadas) ou químicos (como a queimadura causada por um produto químico).
Os estímulos captados pelos nociceptores são transformados em impulsos elétricos, que viajam pelos neurônios até alcançar o cérebro, é aí que essa informação se espalha por diversas áreas relacionadas à sensação, cognição, emoções e memória. A dor é o resultado desse processo complexo, sendo fundamental para nossa sobrevivência. Sem a capacidade de sentir dor, não conseguiríamos proteger adequadamente nosso corpo.
A natureza da dor crónica
A dor crónica funciona como um alarme persistente no nosso sistema. Imagine o alarme de uma casa que dispara aleatoriamente ou de forma contínua, mesmo quando não há perigo real. Nesse cenário, o alarme perde sua função original de nos alertar sobre riscos e perigos iminentes. O mesmo ocorre com a dor crónica: ela deixa de ser apenas um aviso de outra doença e passa a ser o próprio problema.
Em resumo
Dor Aguda: Surge em resposta a uma lesão tecidual e é limitada no tempo. Após a cura da lesão, a dor cessa. Exemplos incluem fraturas, queimaduras e dor pós-operatória.
Dor Crónica: Persiste além do período de reparação dos tecidos ou está associada a doenças crónicas. Exemplos incluem artrite, artrose, fibromialgia e dor lombar inespecífica.
O tratamento interdisciplinar desempenha um papel crucial na melhoria da qualidade de vida das pessoas que vivem com dor crónica. Com abordagens médicas, psicológicas e fisioterapêuticas, podemos ajudar a aliviar o sofrimento constante e restaurar o bem-estar.
Um artigo do médico Armando Barbosa, anestesiologista e diretor da Paincare.