Margarida Tavares defende que parte do sucesso do combate às infeções hospitalares depende das lideranças.
“Os resultados do projeto Stop Infeção Hospitalar mostram bem porque é melhor fazermos as coisas acompanhados do que sós”, afirmou Margarida Tavares, no encerramento de uma Sessão de Aprendizagem Colaborativa, que decorreu na Alfândega do Porto, no dia 10 de outubro. “A verdade é que as parcerias trazem mais sustentabilidade, mais qualidade e mais rigor aos projetos”, reforçou.
A iniciativa Stop Infeção Hospitalar permitiu reduzir em mais de 50 por cento a incidência de quatro infeções cujo combate foi considerado prioritário: a associada à algaliação; a relacionada com o cateter vascular central; a proveniente da intubação; e a associada à ferida operatória.
Margarida Tavares assinalou que “o ambicioso objetivo” de reduzir em 50% as infeções associadas aos cuidados de saúde, cujo compromisso foi renovado a 17 de outubro de 2022, “foi inclusivamente ultrapassado”, razão pela qual defendeu que chegou a altura de “partilhar experiências e fomentar novas práticas para vencer o desafio das resistências aos antimicrobianos”.
“Na Europa, todos os anos, morrem 35 mil pessoas no decurso de infeções resistentes aos antimicrobianos. São 100 mortes por dia”, recordou a secretária de Estado, alertando para a incapacidade de desenvolver novos antibióticos ao mesmo tempo que persistem obstáculos à “disponibilização de antibióticos mais antigos”.
Na sua intervenção, Margarida Tavares dirigiu-se aos cerca de 300 profissionais de saúde, destacando a importância de reforçar a capacitação e formação dos recursos humanos da Saúde, sem esquecer a aposta na criação de melhores condições de trabalho. A par, pediu investimento nas lideranças “Peço que levem a vossa capacidade de liderança e o vosso conhecimento para os vossos hospitais, para que vençamos a luta contra as infeções hospitalares e as resistências a antimicrobianos”, concluiu.
Iniciativa STOP Infeção Hospitalar expandiu-se a mais doze hospitais
A STOP Infeção Hospitalar 2.0 é um projeto do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistências a Antimicrobianos, da Direção-Geral da Saúde (PPCIRA/ DGS), em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) e com o apoio técnico-científico do Institute for Health Improvement (IHI). Tem como objetivo reduzir a incidência de cinco tipos de infeção hospitalar em 50%, no prazo de 3 anos.
Cinco anos após o início do projeto, constatou-se que as estratégias de sucesso ainda permaneciam em vários hospitais com resultados muito positivos, e entendeu-se necessário continuar a melhorar para que este sucesso seja partilhado pelo maior número possível de Hospitais.
Por isso, em outubro de 2022, através da renovação do Assinatura do Compromisso de Honra do programa, a iniciativa STOP Infeção Hospitalar expandiu-se a mais doze instituições hospitalares, passando a abranger um total de 22, e consolidou-se nas dez que participaram entre 2015 e 2018, alargando-se a cinco tipos de infeção hospitalar.
Em 2014 morriam sete vezes mais pessoas com infeções adquiridas nos hospitais do que em acidentes de viação e o tempo de internamento de doentes com infeções hospitalares era cinco vezes superior ao dos restantes. Portugal registava quase o dobro das infeções hospitalares do que a média dos países europeus, com custos estimados em 300 a 400 milhões de euros ao ano.