Dores de garganta, congestão nasal e presença de pus nas amígdalas são alguns dos sintomas das amigdalites. O desconforto e a dor provocados por esta infeção levam muitas pessoas a procurar uma solução rápida e a pedir a prescrição de um antibiótico ao médico assistente. Mas será que todas as amigdalites devem ser tratadas com antibióticos?
O que são as amigdalites?
Segundo a informação disponibilizada no balcão digital do Serviço Nacional de Saúde (SNS 24), uma amigdalite é uma “infeção das vias respiratórias superiores, mais especificamente nas amígdalas, que se situam na parede lateral da garganta, entre o céu da boca e a língua”.
No mesmo texto lê-se que “a amigdalite pode ser provocada por vírus ou bactérias, sendo que as amigdalites virais são mais comuns”.
No caso das amigdalites bacterianas, “a bactéria mais comum é o Streptococcus pyogenes/ Streptococcus do grupo A”.
É verdade que todas as amigdalites devem ser tratadas com antibióticos?
Em declarações ao Viral, o especialista em Medicina Geral e Familiar João Ramos assegura que “a maior parte das amigdalites não vai precisar de antibiótico”, visto que a maioria deste tipo de infeções “são virais”.
Tal como se explica neste texto publicado no Viral, os antibióticos servem para combater infeções bacterianas e não infeções provocadas por vírus, como as gripes, as constipações e as amigdalites virais.
Por isso, continua João Ramos, o antibiótico só deve ser administrado caso se confirme que a causa da amigdalite é bacteriana. Para tal, o médico defende que o ideal é fazer um teste específico “com uma zaragatoa” para verificar o tipo de infeção em causa.
“Se o teste der positivo para bactérias, toma-se antibiótico. Se der negativo, é porque não é bacteriano, é viral”, sustenta.
Como tratar as amigdalites?
No texto informativo publicado na página do SNS 24, esclarece-se também que “o tratamento da amigdalite difere consoante a sua causa”.
No caso de infeção viral, “não existe um tratamento específico” e os cuidados mais importantes passam, por exemplo, pela “ingestão de muitos líquidos” e, se necessário, pela “toma de medicamentos dirigida aos sintomas causados pela doença para alívio da dor e da febre”.
Podem também ser úteis outras medidas como “comer dieta mais mole”, optar por “comida fria”, fazer gargarejos com “água morna com sal” e “bebericar chá morno ou frio com limão e mel”, sendo que o mel não deve ser consumido por crianças com menos de um ano.
Quando a amigdalite é bacteriana, são recomendados os mesmos cuidados “e ainda o tratamento através de antibiótico”.
Sublinha-se ainda no mesmo texto que os antibióticos “são sempre prescritos por um médico e devem ser tomados até ao fim dos dias indicados pelo médico, mesmo que os sintomas já tenham desaparecido”.
Importa referir que tomar um antibiótico quando se tem uma infeção viral, além de ser ineficaz, tem riscos. Isto porque esta prática pode contribuir para aumentar a resistência aos antibióticos. Ou seja, as bactérias podem tornar-se menos suscetíveis aos efeitos dos antibióticos, dificultando o tratamento de infeções bacterianas futuras.
Este é um problema crescente que compromete a eficácia destes medicamentos e que já foi identificado pela Organização Mundial da Saúde como “uma das principais ameaças à saúde pública e ao desenvolvimento a nível mundial”.