Grande parte dos 27 cereais de trigo e de arroz e trigo analisados estão cheios de aditivos e de quantidades acentuadas de açúcares. Apesar disso, há algumas boas alternativas.
A DECO PROteste analisou oito marcas de cereais de trigo, os flocos acastanhados associados ao alto teor de fibra. Embora sem edulcorantes, a maioria recorre a aditivos. Cenário idêntico encontra-se nos 19 cereais de trigo e arroz estudados. Em comum ainda o facto de muitos terem dado mãos largas aos açúcares. Contudo, há excelentes opções entre os 27 produtos analisados.
A DECO PROteste baseou-se na informação nutricional dos rótulos, no algoritmo do Nutri-Score e ainda na lista de ingredientes, na qual constam aditivos, para descortinar o número de ingredientes ultraprocessados. Cada aspeto conta para a qualidade global, numa pontuação de 0 a 100, intervalo que permite determinar os melhores cereais dentro da mesma categoria.
Aditivo duvidoso em 18 cereais
Em 27 cereais, só oito estão isentos de aditivos. Detetou-se, em quatro dos cinco cereais de trigo com aditivos, um emulsionante pouco recomendável: o E 471 – mono e diglicéridos de ácidos gordos. Já nos flocos de arroz e trigo, são 14 a incluí-lo na composição. Investigações apontam os seus possíveis efeitos adversos, como doenças inflamatórias do intestino, risco de diabetes e de alteração do equilíbrio da flora intestinal.
Igualmente aditivos, os edulcorantes encontram-se nos cereais compostos por arroz e trigo, não constando dos feitos unicamente de trigo. Por norma, entram em cena nos produtos que escrevem “sem açúcares” ou “sem açúcares adicionados” na embalagem. A Nacional Zero Cereais + Linha 0% Açúcares Adicionados incorpora o 421 – manitol, um aditivo tolerável, mas cuja ingestão excessiva é passível de efeitos laxativos. Independentemente de poderem substituir os açúcares, os fabricantes deveriam antes reduzir a proporção destes, em vez de usarem edulcorantes ou outros ingredientes doces.
Açúcares a mais nos cereais de pequeno-almoço
Por dia, 50 gramas de açúcares livres (adicionados e naturalmente presentes no mel ou nos frutos secados, por exemplo): é o limite de consumo aconselhado pela Organização Mundial da Saúde. São 10% do valor energético total diário e equivalem a 12 pacotes de açúcar, considerando a ingestão de 2 mil calorias diárias. Mas a mesma entidade defende o benefício de reduzir para 25 gramas. Os cereais pouco ajudam nesta contenção, sobretudo quando o açúcar é adicionado. A junção de frutas desidratadas, em mais de metade dos flocos de trigo, faz subir os valores de açúcares. Por 100 gramas, variam entre 14 e 24 gramas. O que significa que, por dose individual de 30 gramas, recomendada pela maioria dos fabricantes, poderemos ingerir até sete gramas de açúcares, uma porção exagerada face à quantidade de cereais. Nos flocos de arroz e trigo, o teor em açúcares é variável, oscilando entre 1 e 21 gramas por cem gramas.