A alimentação e a nutrição constituem uma área de interesse crescente, proliferando desmedidamente canais digitais dedicados a este segmento. Os protagonistas destes canais – conhecidos como influencers – escrevem e falam sobre o tema, alcançando um público vastíssimo, podendo, inclusivamente, ter uma grande influência nas escolhas alimentares e, portanto, no estado de saúde da sociedade.

Quando falamos de influencers na área da saúde temos, contudo, de ter a preocupação de avaliar a sua profissão, pois alguns poderão não ter qualquer formação. Existem imensos criadores de conteúdo a abordar os temas da alimentação e nutrição sem formação, e que promovem e aumentam, em diversas circunstâncias, a desinformação e a propagação de fake news.

Quando estes influencers surgem com uma rede de seguidores prévia, a mensagem é amplificada (é o exemplo de alguns atores e figuras públicas), cujo alcance no mundo digital é maior. As autoridades de saúde reconhecem a potencial relevância dos influenciadores na atualidade, trabalhando, por isso em estreita colaboração com personalidades reconhecidas pelo público, na lógica da promoção de uma alimentação saudável.

Este tipo de parcerias, entre profissionais de diferentes áreas, pode e deve ser estimulado, para que a informação fidedigna seja prevalecente nas redes sociais.

Infelizmente, porém, nem sempre é isso que se observa.

Os mitos em alimentação e nutrição têm vindo a ganhar uma dimensão alarmante e sem uma entidade que regule, identifique e responsabilize quem os propaga corremos grandes riscos. Este contexto de desinformação pode afetar negativamente o estado de saúde da população e lesar a credibilidade dos profissionais de saúde, entre os quais os nutricionistas, que atuam com base em evidência científica e se regulam por um Código Deontológico que garante a proteção do cidadão a quem servem.

O paradigma da transmissão da informação mudou e os influenciadores digitais deveriam ser responsabilizados no caso da partilha de desinformação, já que os conteúdos que difundem alcançam, por vezes, milhares de pessoas e podem representar um perigo para a saúde pública.

Para além disso, se algumas destas partilhas são misinformation, informações inadvertidamente falsas e partilhadas sem intenção de causar danos, outras há que se tratam de disinformation, informações falsas deliberadas que são publicadas com o propósito, explícito e exclusivo, de causar danos.

Estes dados reforçam a necessidade que os profissionais de saúde têm de estarem presentes nos canais digitais e atuarem na divulgação de conhecimento em saúde. A presença digital de nutricionistas tem crescido exponencialmente, pois, tal como outros profissionais de saúde, veem este canal como uma ferramenta para promover hábitos saudáveis.

Sendo nutricionistas de profissão, estes influencers têm uma obrigação acrescida na partilha de informação segura e fidedigna, com fundamentação científica, evitando assim a difusão de desinformação em torno da alimentação. São agentes de saúde pública que vão desconstruindo as falácias que encontram nas redes sociais.

A opinião de: Alexandra Bento

De: https://lifestyle.sapo.pt/saude