A vacinação, na nossa perspectiva, é a forma mais barata, mais simples, mais potente e com melhores resultados, no combate às doenças/infecções “clássicas”, antigas e dos nossos tempos modernos, que afectam/podem afectar o Ser Humano.
Iniciou-se já o período de vacinação sazonal contra a Gripe e associado a este período, a vacinação e reforço contra a Covid-19.

O grande referencial de vacinação em Portugal é o Plano Nacional de Vacinação (PNV) implementado em 1965 e chegou até aos dias de hoje, com as alterações e correções normais de um mecanismo que precisa de actualizações com base na investigação científica, no tipo de bactérias e vírus que circulam e infectam o Ser Humano e na própria mutação destes micro-organismos. Paralelamente à mutação vírica, a investigação e as novas moléculas que potenciam o efeito preventivo das vacinas tentam prevenir ou amenizar os efeitos nefastos destas infecções. Assenta este Plano em 5 princípios básicos, mas de uma consistência bem estruturada, até aos dias de hoje: “Universalidade, destinando-se a todas as pessoas que em Portugal tenham indicação para vacinação; Gratuitidade, para o utilizador; Acessibilidade; Equidade; Aproveitamento de todas as oportunidades de vacinação.”
Portugal é um dos países do mundo, onde as taxas de cobertura por vacinação são mais elevadas, em consequência da dedicação, experiência e trabalho desenvolvido pelos Enfermeiros dos Cuidados de Saúde Primários (CSP) e dos Médicos de Saúde Pública. Lembrar aqui as brigadas de vacinação, em que os Enfermeiros percorriam as escolas a vacinar os alunos, iam aos domicílios vacinar os adultos e até administrar medicação/tuberclostáticos no combate à tuberculose pulmonar. Hoje, nos Centros de Saúde, a vacinação acontece integrada nas consultas de Enfermagem de Saúde Familiar e na Saúde Pública, nas consultas do viajante. Todo um vasto e complexo trabalho, desde a logística de armazenar e transportar as vacinas (sejam elas mortas ou vivas) numa rede de frio adequada às características de cada vacina, os excipientes próprios, que se desenvolve muito eficiente e eficazmente, onde a disciplina major deste sucesso, inquestionavelmente, é a Enfermagem de Saúde Comunitária, servindo nos locais próprios e adequados a tal magnitude de serviço público. Associam-se a este trabalho os Enfermeiros das Unidades de Cuidados na Comunidade (UCC), que administram na Comunidade, nos domicílios e em “Estrutura Residencial para Pessoas Idosas” (ERPI), um grande número de doses, evitando assim deslocações desnecessárias dos Utentes, às Unidades de Saúde.
Neste novo mundo global, com longínquas distâncias entre localidades, ainda que geograficamente recônditas, tudo se torna próximo, perante uma mobilidade tão rápida e acentuada, onde vírus e bactérias podem ser transportados no hospedeiro e que pode trazer efeitos e consequências epidemiológicas gravosas para as diferentes Sociedades/Comunidades que não estejam imunizadas. Perante tão evidente realidade, é inequívoca a importância da vacinação, no combate a estes contágios e infecções, por muito que haja a “nova filosofia anti-vacinas”.
Sabemos que os CSP, a Enfermagem Comunitária e a Saúde Pública, são eficientíssimos mas missões e campanhas de vacinação que levam a cabo. Se outros exemplos não forem tão visíveis e mediáticos, vejam o quão foi eficiente, de dimensões nunca vista, a vacinação contra COVID-19. Porque acreditamos na capacidade e competência dos Enfermeiros Portugueses e na mais-valia dos CSP, tivemos a oportunidade de dizer pessoalmente à Srª. Ministra da Saúde, que não concordávamos com a vacinação nas Farmácias.
Voltando aos princípios básicos em que assenta o PNV. Há um princípio inequívoco e, provavelmente, o grande pilar do sucesso das altas taxas de cobertura vacinal, que é o aproveitamento de todas as oportunidades para vacinar. Não temos dúvidas, o sucesso está aqui! Sempre que o Cidadão utente se dirige ao Centro de Saúde ou Unidade Funcional e tem consulta de Enfermagem, ou faz algum tipo de contacto com o Enfermeiro de Família, este consulta o seu processo clínico, avalia o “seu estado vacinal registado” e em caso de alguma falta de vacina, propõe ao utente vaciná-lo, naquele momento, mesmo que este contacto aconteça até, no seu domicílio. Este procedimento responsável, esta proximidade e esta atitude profissional, possibilita uns cuidados de saúde de prevenção e de economia de meios e recursos, extraordinário. Por outro lado, o utente está em segurança, porque a vacina é-lhe administrada por um Profissional altamente qualificado, e em caso de acontecer alguma intercorrência, o Enfermeiro sabe como actuar. Por outro lado, proporciona ao Utente, comodidade, ao evitar a vinda desnecessária à Unidade de Saúde, só para vacinação, com a economia de tempo que isso possibilita.
Não duvidamos, acreditamos e reafirmamos nesta mais-valia deste serviço público, prestado pelos Enfermeiros dos CSP, no bem-estar, prevenir e cuidar das suas Populações e Comunidades, através dos Centros de Saúde e Unidades Funcionais, num verdadeiro serviço de proximidade e orientado pelas “guide lines” da Saúde Pública e não pressionados ou desvirtuados, por lóbis, interesses económicos mais claros ou obscuros e de riquezas/fortunas que não servem os verdadeiros interesses do Cidadão Utente, Grupos e Comunidades.
Vacine-se em segurança e atempadamente. Vacine-se com um Enfermeiro.

Humberto Domingues: Enfermeiro Especialista em Saúde Comunitária

De: https://lifestyle.sapo.pt