Quem teve Covid-19 é mais propenso a ter ataques cardíacos ou derrames nos três anos subsequentes à infeção. Este é o resultado de um estudo publicado no Reino Unido, que reforça a questão em torno dos múltiplos efeitos que a doença pode ter a longo prazo.
A Covid-19 não desapareceu!
Um estudo recente sugere que a Covid-19 pode representar um risco significativo para ataques cardíacos e derrames até três anos após a infeção. O estudo, publicado na revista Atherosclerosis, Thrombosis, and Vascular Biology, analisou os registos médicos de cerca de 250 mil pessoas no Reino Unido, identificando mais de 11 mil casos de infeção por Covid-19 confirmados em 2020.
Os resultados revelaram que indivíduos que tiveram a doença no início da pandemia, antes das vacinas, apresentaram um risco duas vezes maior de eventos cardíacos graves, como ataques cardíacos ou derrames, em comparação com aqueles que nunca foram infetados.
Pessoas que foram hospitalizadas apresentaram riscos ainda mais elevados – mais de três vezes maiores – em relação aos indivíduos sem histórico de infeção.
Estes achados sublinham a potencial influência de longo prazo da Covid-19 no sistema cardiovascular, algo que, segundo Stanley Hazen, autor do estudo, pode ser resultado de danos duradouros nas artérias e no sistema vascular causados pelo vírus.
Grupo sanguíneo
Além disso, o estudo verificou que o grupo sanguíneo pode influenciar o risco cardiovascular após uma infeção por Covid-19.
Pessoas com sangue do tipo O apresentaram um risco ligeiramente menor de sofrer ataques cardíacos e derrames, em comparação com as de grupos A, B e AB. Contudo, todos os grupos sanguíneos permanecem em maior risco após a infeção, embora o grupo O ofereça um pequeno fator de proteção adicional.
Este estudo também indicou que o uso de aspirina em doses baixas por pacientes hospitalizados devido à Covid-19 pareceu reduzir o risco de futuros problemas cardíacos.
O autor do estudo aconselha que, para aqueles com histórico de Covid-19, especialmente com infeções graves, devem ser tomadas medidas para minimizar os riscos cardiovasculares, como o controlo da pressão arterial e do colesterol.
Embora o estudo não tenha investigado o impacto das vacinas, sugere-se que a vacinação reduz provavelmente a severidade das infeções e, por conseguinte, os riscos cardiovasculares associados. Este estudo fornece novas perspetivas sobre os efeitos prolongados da Covid-19 na saúde cardiovascular, sublinhando a importância de monitorizar esses riscos em pessoas recuperadas da infeção.