O setor social teve “imensa importância” para minorar os impactos da pandemia de covid-19, mas isso trouxe custos às instituições, alerta um estudo da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, a ser apresentado na terça-feira.
A quarta edição do estudo “A Importância económica e social das IPSS [Instituições Particulares de Solidariedade Social] em Portugal” analisa os anos de 2021 e 2022 e reflete sobre a “imensa importância” das instituições do setor social “na mobilização para minorar os efeitos da pandemia” de covid-19.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da CNIS salientou que esse esforço “trouxe custos às instituições”, apesar de reconhecer que houve um esforço por parte do Estado para “atenuar os efeitos perversos da pandemia”, tendo em conta valências que tiveram de encerrar ao público, mas continuaram em funcionamento, como os lares ou o apoio domiciliário.
Segundo o padre Lino Maia, foi graças a esse apoio do Estado que nesses anos não houve tantas instituições com resultados negativos como nos anos anteriores.
“Mesmo assim, cerca de 38%, 40% das instituições chegaram ao fim deste período com resultados negativos, mas anteriormente estávamos nos 50%, apesar dos aumentos dos custos”, apontou.
Na análise dos resultados do estudo, o presidente da CNIS defendeu que é preciso ter em atenção que “estas instituições são, não só importantes para a coesão social e territorial do país, como também são elevadores sociais para muitas pessoas”.
“Se não fossem estas instituições muitas pessoas manter-se-iam um pouco à margem, um pouco abandonadas ou muito abandonadas”, salientou.
Relativamente aos custos da pandemia para estas instituições, Lino Maia apontou que foram sobretudo económico-financeiros, tendo em conta o “aumento muito significativo de custos para resguardar quando possível, particularmente as instituições de acolhimento de idosos e de pessoas com deficiência”.
“A pandemia criou de facto situações complicadas e houve necessidade de aumentar o número de trabalhadores e mesmo até de recorrer a brigadas extraordinárias de apoio de trabalhadores”, recordou.
Lembrou também os casos de “lares que estiveram absolutamente encerrados para o exterior, mas com as pessoas lá dentro”.
“Isso criou, de facto, grandes despesas”, sublinhou.
Segundo o presidente da CNIS, “é reconhecido que o setor social mostrou uma grande resiliência” e que isso foi visível, por exemplo, no facto de Portugal ter sido o país da Europa “onde houve menos óbitos em lares”
“Não chegaram a 28% de óbitos e só o Reino Unido esteve próximo disso, mas com 33%”, salientou.
Na opinião do padre Lino Maia, isso aconteceu graças “a um setor de proximidade”, que une “permanentemente esforços para as pessoas estarem melhores”.
No entanto, entende que a sociedade portuguesa “ainda não reconhece a importância” do setor social, contrariamente ao que diz acontecer da parte de quem representa o Estado, que tem vindo a “valorizar ainda mais o apoio”.
O padre Lino Maia disse também que o estudo, que vai ser apresentado na terça-feira, mostra como o setor social tem evoluído progressivamente para atender mais pessoas e com mais qualidade, mas também o risco de insustentabilidade das instituições.
Defende, por isso, que é preciso “dar passos no sentido de valorizar, reconhecer e salvar o setor social”.
O estudo da CNIS é apresentado na terça-feira, em Lisboa, e conta com a presença da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Ramalho.