O nome pode assustar os mais céticos, sobretudo os que não confiam na engenharia química associada à alimentação. Chama-se glutamato monossódico (GMS) ou E-621 e tem vários efeitos nos consumidores, sendo que um deles era até agora pouco conhecido: aumenta o apetite.
Basta uma pequena pesquisa online para dar de caras com a lista negra de efeitos secundários já comprovados deste composto: pode provocar enxaquecas, espasmos musculares, arritmias, náuseas, alergias, ataques epiléticos, depressão e até agravar os sintomas de autismo.
O glutamato monossódico é um composto que deriva do ácido glutomático, um dos aminoácidos não essenciais mais abundantes na natureza.
“O ácido glutomático está presente de forma natural nos alimentos como o tomate, queijo ou cogumelos”, diz Gema Vera, professora de Farmacologia e Nutrição na Universidade Rey Juan Carlos, em Madrid, Espanha.
“Mas desde há algum tempo, o seu sal sódico [glutamato monossódico] tem sido utilizado como aditivo alimentar”, o que está, de facto, autorizado pela Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA),
O corpo humano não distingue entre a vertente adicionada e a natural deste elemento químico considerado o quinto sabor: para além do doce, salgado, ácido e amargo, existe uma outra sensação degustativa chamada umami e que deriva da adição deste elemento químico.
E-621, o potenciador de sabor
O umami é um sabor próprio da cozinha ocidental, embora também possa ser encontrado no presunto e até no leite materno, descreve o jornal espanhol El País.. A palavra foi proposta pelo professor de química Kikunae Ikeda e em japonês significa “sabor delicioso”.
Apesar do glutamato monossódico ser parecido ao sal e ao açúcar do ponto de vista visual, não tem sabor quando ingerido isolado. É apenas um potenciador de sabor. Ou seja: tudo fica mais saboroso com o E-621.
“Como o glutamato aumenta a palatabilidade, os alimentos parecem ter mais sabor e isso pode fazer-nos comer mais do que devamos e engordarmos”, comenta Marta Crespo, nutricionista clínica do serviço de Endocrinologia e Nutrição da Fundación Jiménez Díaz, citada pelo mesmo jornal.
Em julho de 2017, a EFSA reavaliou a segurança deste aditivo e estabeleceu novos limites: a ingestão diária admissível é de 30 miligramas por cada quilo de peso do consumidor, ou seja, um homem com 80 quilogramas pode ingerir 2,4 gramas por dia.
A partir dessa quantidade surgem os efeitos secundários já descritos, como dor de cabeça, pressão arterial alta e aumento dos níveis de insulina no sangue, defende aquela agência europeia.
Agora já sabe: quando a comida estiver demasiado saborosa e quiser estranhamente continuar a ingeri-la, desconfie!