Hoje, mais do que nunca, falamos de ansiedade e sabemos que os números de pessoas que sofrem de ansiedade são elevadíssimos.
Por isso, a ansiedade é cada vez mais uma questão da ordem do dia e é necessário dar-lhe a atenção que ela merece em prol da saúde mental de todos nós.
No entanto, se repararmos bem, falamos muito de ansiedade, mas falamos muito pouco do que ela significa de verdade e de como podemos reduzi-la à mínima a longo prazo. Em vez disso, espalham-se informações que colocam a ansiedade num patamar de simples resolução, em que por exemplo, com uma simples mudança de temperatura, com uma meditação ou com aprender a controlar a respiração, conseguimos resolver como por milagre a nossa ansiedade.
A verdade é que todas essas estratégias podem ser úteis, se forem acompanhadas de um processo de transformação interno e tomada de consciência. À parte isso, todas elas por si só, são meramente paliativas e, por vezes, até podem empolar a ansiedade e todo o sofrimento inerente a ela.
A ansiedade precisa de ser encarada como ela realmente é, um fenómeno bastante complexo, cheio de interrelações e, como tal, não se pode resolver de forma simples e básica. E é aqui que é importante que todos nos concentremos e deixemos de passar a mensagem que a ansiedade vai resolver-se de forma milagrosa se soubermos, por exemplo, respirar fundo. Precisamos tomar consciência que isso apenas ajudará na sua eventual gestão, e não tende a solucioná-la.
A ansiedade pode ser ultrapassada mas, para isso, precisa de ser olhada de frente, precisa de um processo de tomada de consciência – regra geral acompanhado de um profissional – precisa que, se descubra o medo por detrás da ansiedade e tudo aquilo que resulta neste estado de alerta permanente, nesta sensação de insegurança, de desconforto e de mal-estar.
Só quando olharmos para a ansiedade com toda a complexidade que ela é, podemos desejar resolvê-la. Neste processo, lembremo-nos que a resolução da ansiedade terá sempre de começar de dentro para fora, isto é, primeiro olhando para ela, olhando para dentro de nós, encarando e desconstruindo todos os medos e crenças por detrás da ansiedade e, só depois, as estratégias externas podem ser utilizadas como pequenas alavancas para nos ajudar a tranquilizar durante o processo de transformação interna.
Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.