Só na última década se começou a discutir a segurança das unhas de gel, após a publicação de literatura médica sobre casos de cancro de pele que surgiram nas mãos de mulheres utilizadoras deste tipo de acessórios. As explicações são da médica Helena Toda Brito, especialista em Dermatologia.
A exposição a radiação ultravioleta é um passo necessário na solidificação das unhas e verniz gel. As lâmpadas utilizadas no processo de secagem das unhas emitem radiação ultravioleta (UV), predominantemente ultravioleta A, que está associada ao envelhecimento acelerado da pele e ao aumento do risco de cancro de pele.
Embora a exposição a estas lâmpadas decorra por curtos períodos de tempo em cada sessão, a Academia Americana de Dermatologia alerta que a radiação UV por elas emitida é pelo menos quatro vezes mais forte do que a radiação UV da luz solar. Como o efeito da radiação UV na pele é cumulativo, todos os minutos de exposição são somados ao longo da vida, levando mais tarde ao aparecimento de danos na pele.
As lâmpadas de secagem de unhas podem ser de 2 tipos, lâmpadas UV ou lâmpadas LED, sendo ambas emissoras de radiação UV. As lâmpadas LED, em comparação com as lâmpadas UV, emitem níveis inferiores de radiação UV, por períodos de tempo mais curtos, traduzindo-se numa menor exposição UV.
Que outros riscos acarretam as unhas de gel?
Para além da exposição UV, as unhas e verniz gel podem apresentar os seguintes riscos para a saúde da pele e unhas:
– Enfraquecimento das unhas: um estudo publicado na revista Journal of Cosmetic Dermatology relacionou a aplicação de verniz gel ao aparecimento de alterações reversíveis nas unhas (unhas mais finas, fracas e quebradiças). Não se sabe ao certo se estas alterações são causadas pelos químicos presentes no gel ou pelo dano físico e/ou químico da sua aplicação ou remoção.
– Camuflagem de doenças: as unhas continuamente tapadas com gel podem camuflar doenças (ex: infeção ou cancro), atrasando o diagnóstico e tratamento.
– Alergia a substâncias presentes no gel ou acetona (eczema de contacto alérgico)
– Irritação da pele em redor das unhas, provocada pela acetona ou outros removedores (eczema de contacto irritativo)
– Infeções bacterianas, virais ou fúngicas: causadas pelas más condições de assépsia, incorreta aplicação do gel, ou manipulação inadequada da pele em redor da unha.
Quem deve evitar as unhas de gel?
As unhas de gel não são recomendadas nos seguintes casos:
– Infeção ativa nas unhas ou pele em redor
– Sensibilidade à radiação UV (devido a fatores genéticos, certas doenças, toma de alguns medicamentos e suplementos)
– Doenças do sistema imunitário (ex: doentes transplantados, pelo maior risco de infeções e cancro de pele)
– Alergia às substâncias presentes no gel ou acetona.
Quais as precauções a ter com as unhas de gel?
Apesar dos riscos, não há necessidade de abdicar totalmente das unhas e verniz gel. A Skin Cancer Foundation salienta que mesmo o mais intenso dos aparelhos de secagem das unhas representa apenas um risco UV moderado, bastante inferior ao apresentado por exemplo pelos solários.
De modo a poder usufruir dos benefícios das unhas de gel sem correr riscos desnecessários para a pele, é recomendável que sejam adotadas algumas medidas de segurança:
– Aplicar um protetor solar de amplo espectro (com proteção UVA/UVB e SPF igual ou superior a 30) e resistente à água nas mãos, 20 minutos antes de arranjar as unhas. O protetor solar pode interferir com a aplicação do gel, pelo que deve ser colocado apenas em redor das unhas e não sobre as mesmas.
– Em alternativa, usar luvas de proteção que deixem apenas os dedos expostos (em material com fator de proteção ultravioleta incorporado, ou em tecido escuro e opaco).
– Realizar este tipo de manicure com moderação: idealmente reservar a sua aplicação para ocasiões especiais, ou no máximo 1-2 vezes/mês.
– Preferir salões que usam lâmpadas LED em vez de lâmpadas UV
– Assegurar que os salões cumprem as medidas de higiene, desinfeção e esterilização dos materiais
– Não cortar as cutículas
– Se notar alguma alteração nas unhas, consultar o médico dermatologista.
As explicações são da médica Helena Toda Brito, especialista em Dermatologia.