Ministro da Saúde destacou “agenda ambiciosa” da tutela, em conferência da Escola Nacional de Saúde Pública.

Portugal enfrenta desafios exigentes em termos do Serviço Nacional de Saúde, desafios esses que são comuns a todos os países europeus e que exigem ações conjuntas e uma mudança de paradigma, colocando um foco maior na prevenção da doença e na promoção da saúde, destacou o Ministro da Saúde. Manuel Pizarro falava na terça-feira, dia 3 de outubro, na sessão de abertura na conferência “Leading the way to a healthy future”, em Lisboa, organizada pela Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, sob o mote “Inovação ao Serviço da Saúde Pública”.

“Não conseguiremos assegurar a manutenção e a melhoria dos ganhos em saúde que o SNS nos trouxe nestes 44 anos de sucesso sem uma agenda ambiciosa em termos de prevenção da doença e promoção da saúde”, disse Manuel Pizarro.

A recente pandemia, a par do surgimento de outras doenças emergentes e não emergentes, evidenciou de forma clara a necessidade dos ecossistemas de saúde se reinventarem, exigindo, por um lado, uma abordagem ágil, colaborativa, adaptável e tecnologicamente avançada, que garanta a saúde e o bem-estar das populações e, por outro, a importância de promover a inovação em saúde, ao nível tecnológico, digital, inteligência artificial, análise de dados, entre outros, que permita consolidar a capacidade de resposta e criar um ambiente propício à inovação. Este foi, por isso, o mote da conferência da Escola Nacional de Saúde Pública.

“Leading the Way to a Healthy Future” reuniu líderes e profissionais inspiradores, pioneiros na área da saúde, inovadores em tecnologia e investidores de impacto, entre outros, tendo como objetivo impulsionar a inovação, transformar os modelos de liderança e de força de trabalho e repensar a adoção de estratégias em saúde para enfrentar os desafios emergentes, visando contribuir para um futuro saudável para as comunidades.

O Ministro da Saúde aproveitou a conferência para enaltecer o papel que a Escola Nacional de Saúde Pública tem tido na formação de profissionais e na produção de conhecimento para melhorar o sistema de saúde. Depois, Manuel Pizarro lembrou que as dificuldades que o SNS atravessa não se relacionam com a prestação de poucas consultas ou cirurgias, contrapondo que temos a maior produção de sempre, mas ainda assim a um ritmo inferior ao crescimento das necessidades. “O SNS teve a maior atividade de sempre em 2022”, disse. “A Europa, como um todo, está a ter grandes dificuldades em acertar o passo com as necessidades dos cidadãos”, insistiu.

Em termos de reformas, o Ministro frisou que “temos uma população com uma idade mais avançada e com uma carga de doença muito significativa”, com a literacia das pessoas a também levar a que procurem mais cuidados e mais cedo. O governante reiterou que “temos mesmo de modificar a centralidade que atribuímos no sistema de saúde à promoção da saúde”, avançando o exemplo da Lei do Tabaco como uma das alterações em curso para criar gerações livres de tabaco.

Independentemente das alterações que se venham a introduzir no SNS, o Ministro garantiu que “vamos manter os valores de humanismo e de solidariedade” que caracterizam o sistema criado em 1979 – mas manter esse mesmo sistema passa por reorganizar os cuidados, dividir melhor as tarefas e potenciar o trabalho em rede, e mudar os processos.

Ainda no campo dos exemplos de transformações já bem-sucedidas, Manuel Pizarro falou da hospitalização domiciliária, que no ano passado chegou a 9000 pessoas, com 329 lugares, o equivalente a um hospital de média dimensão, feito “sem betão”. “É uma combinação que permite obviar problemas dos nossos hospitais e dar mais satisfação e conforto”, disse.

De: https://www.sns.gov.pt