A Fibrose Pulmonar diz respeito a uma patologia subdiagnosticada, consequência do pouco conhecimento que ainda se tem acerca da mesma, bem como dos sintomas pouco específicos que apresenta. Para além disso, é uma doença progressiva, onde o diagnóstico precoce é extremamente importante.
No âmbito do Dia Mundial de Sensibilização para a Fibrose Pulmonar, a Fundação Portuguesa do Pulmão (FPP), a Respira e a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) aliaram-se numa campanha de sensibilização, no sentido de transmitir um maior conhecimento relativamente a esta doença, tanto para a população em geral, como para a comunidade médica.
Conforme escrito em comunicado divulgado pelas fundações, numa fase inicial os doentes conseguem manter uma certa autonomia e qualidade de vida, uma vez que notam apenas uma diminuição ligeira da capacidade de esforço. Porém, à medida que a patologia progride, ocorre uma cada vez maior diminuição desta capacidade, juntamente com uma sensação de asfixia, o que leva a que a limitação e a dependência sejam cada vez maiores.
Assim, viver com fibrose pulmonar “é muito desafiante, tanto para os doentes, como para os seus familiares e cuidadores, uma vez que tarefas básicas do dia-a-dia, como caminhar pequenas distâncias, carregar pesos ou realizar tarefas domésticas apresentam grandes dificuldades para estes doentes”, explica Isabel Saraiva, Presidente da Associação Respira.
De destacar que, segundo o comunicado, é fundamental aumentar a literacia em saúde, uma vez que os sintomas associados à fibrose pulmonar, como dispneia de esforço (intolerância crescente a esforços) e/ou tosse seca, são também sintomas associados a doenças cardíacas ou outras doenças respiratórias mais prevalentes, “o que é uma das maiores causas do reconhecimento tardio das doenças pulmonares fibróticas”, afirma António Morais, presidente da SPP.
“A literacia em saúde em Portugal tem de ter um impulso significativo e a informação sobre as doenças raras, nomeadamente os sintomas de alerta devem ter um particular enfoque. Relativamente aos profissionais de saúde, é importante manter a sensibilização que numa dispneia de esforço a fibrose deve estar na equação do diagnóstico diferencial”, acrescenta.
Assim, “a terapêutica permite, pelo menos, diminuir a dinâmica da evolução, atrasando-a de forma significativa. A importância de realizar um diagnóstico atempado prende-se com a necessidade de colocar a terapêutica o mais precocemente possível, visto que, quando falamos de doenças progressivas, a progressão/agravamento da doença não é recuperável”, completa António Morais.
Apesar dos progressos registados neste campo, existe ainda um longo caminho a percorrer. José Alves, presidente da FPP, refere que “o número de doentes é crescente e isso tem um impacto significativo quer em recursos de diagnóstico quer no tratamento”. Por sua vez, António Morais admite que a população deverá ser cada vez mais “sensibilizada para não desvalorizar os sintomas de apresentação, nomeadamente a intolerância ao esforço. Já os médicos, deverão ter este grupo de doenças como hipótese quando abordam o doente com queixas de dispneia de esforço e/ou tosse seca”.