Ministra da Saúde diz que ainda é necessário manter a vigilância e um acompanhamento atento.
«Estamos a encarar o futuro com muito mais tranquilidade do que o fizemos no passado», referiu a Ministra da Saúde, Marta Temido, em declarações no final da reunião de especialistas, que decorreu esta manhã, dia 16 de fevereiro, no Infarmed, em Lisboa, com o objetivo de fazer o ponto da situação epidemiológica da Covid-19 em Portugal.
A Ministra da Saúde sublinhou que a pandemia entrou numa outra fase, verificando-se um decréscimo do número de casos e do risco efetivo de transmissão, mas ainda com um número de novos casos num patamar elevado e uma mortalidade superior ao limiar de referência. No entanto, admite que ainda é necessário manter a vigilância e um acompanhamento atento.
O alívio das medidas de contenção da pandemia será alvo de ponderação na próxima reunião de Conselho de Ministros.
É essencial continuar a vigiar e a vacinar, sublinhou, adiantando que poderá estar em curso uma “alteração de paradigma para uma testagem mais focada”, bem como reavaliar os contextos de obrigatoriedade do uso de máscara e da apresentação do certificado digital.
Situação epidemiológica
Um dos peritos ouvido nesta sessão foi Pedro Pinto Leite, da Direção-Geral da Saúde, que revelou que o pico da quinta vaga da pandemia de Covid-19 foi atingido no dia 28 de janeiro, com 2.789 casos a sete dias por 100 mil habitantes, e que, atualmente, Portugal já está numa fase decrescente da onda pandémica.
Relativamente ao risco de internamento, referiu que foi sete vezes inferior nas pessoas com a vacinação completa, dando como exemplo o grupo etário dos 80 e mais anos, onde a cada 100 pessoas infetadas, 23 acabavam por ser internadas quando não tinham o esquema vacinal completo, o que desce para três quando têm a dose de reforço.
Já Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), referiu que o Rt tem estado em queda, fixando-se atualmente em 0,76. «A esta velocidade de crescimento, em cerca de dois meses podemos atingir uma taxa de incidência muito baixa de cerca de 60 casos por 100 mil habitantes», refere o investigador.
«A ocupação em unidades de cuidados intensivos esteve bem abaixo de todos os cenários» sublinhou, referindo que o número de óbitos atual «encontra-se ao nível do inverno de modalidade baixa a moderada», o que o especialista atribui à cobertura vacinal e à menor gravidade da variante Ómicron.
Também do INSA, a investigadora Ana Paula Rodrigues propôs um sistema de vigilância de infeções respiratórias que integre o vírus SARS-Cov-2, o da gripe e o vírus sincicial respiratório.
«Vamos necessitar de manter a vigilância (…) e conseguir identificar tendências de evolução», afirmou a especialista, propondo que se olhe «com maior detalhe para as infeções respiratórias, para conseguir uniformizar o que se vai observando».
Henrique Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, considera que, atualmente, o vírus que transmite a Covid-19 está «endémico», lembrando que as «pandemias não duram eternamente, mudam».
O especialista referiu que o «tempo da pandemia é ainda relativamente curto», pelo que «temos de estar muito atentos ao que ainda pode acontecer» e que o «caminho de saída» tem de ser feito com cautela.
Raquel Duarte, da Administração Regional de Saúde do Norte, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto e Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, apresentou recomendações para a gestão da Covid-19. A especialista referiu que estamos a assistir a uma redução da incidência em todos os grupos etários e propôs um levantamento gradual das restrições, que funcionaria a dois níveis (1 e 0), principalmente no que se refere à obrigatoriedade do uso de máscaras e utilização do certificado digital.
O plano apresentado por Raquel Duarte prevê uma avaliação quinzenal para passar de nível. Ter uma mortalidade por covid-19 inferior a 20 casos por milhão de habitantes a 14 dias – limite definido pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) – e um número de internamentos em cuidados intensivos abaixo das 170 camas são os critérios propostos. No nível 0, a máscara não será obrigatória, mas apenas recomendada para quem tem sintomas, e deixa de ser exigido certificado digital. No nível zero, em que a pandemia estará ainda numa fase mais controlada, a testagem será apenas feita com o apoio de uma rede sentinela.
De: https://www.sns.gov.pt/noticias/2022/02/16/covid-19-nova-fase-de-gestao-da-pandemia/