A obesidade é, sem sombra de dúvidas, um dos grandes desafios que a saúde pública enfrenta na atualidade. Trata-se de uma epidemia global que não afeta apenas os indivíduos, mas também coloca uma pressão significativa sobre os sistemas de saúde, as economias e as sociedades em geral. É fundamental destacar a urgência de enfrentar este desafio de frente, bem como o papel crucial de adotar um estilo de vida saudável no combate à obesidade.
Em primeiro lugar, é essencial reconhecer a dimensão do problema. A obesidade atingiu proporções alarmantes no mundo inteiro, com taxas de prevalência a aumentar rapidamente em muitos países. De acordo com o relatório The Heavy Burden of Obesity – The Economics of Prevention, da OCDE, 10% de toda a despesa de saúde em Portugal é direcionada para tratar doenças relacionadas com a pré-obesidade e a obesidade. Portanto, não se trata apenas de uma questão estética; a obesidade é uma doença crónica, progressiva e que está associada a inúmeros problemas de saúde, incluindo complicações cardiovasculares (hipertensão, doença coronária, insuficiência cardíaca), doenças metabólicas (diabetes tipo 2, dislipidemia- colesterol alto), complicações gastrointestinais (doença do refluxo gastrointestinal, doença hepática associada ao metabolismo- fígado gordo), complicações osteoarticulares (lombalgia, osteoartrite), complicações respiratórias (síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) ), complicações infeciosas (maior risco de infeções graves, como foi observado durante a pandemia de Covid-19,)e até mesmo certos tipos de cancro, como o da mama e do intestino. Além disso, a obesidade pode ter um impacto negativo na saúde mental, contribuindo para o desenvolvimento de condições como depressão e ansiedade, que, por sua vez, muitas vezes atrasam a procura por ajuda e tratamento, agravando ainda mais a qualidade de vida das pessoas afetadas
Um dos aspetos mais importantes da obesidade é que, em muitos casos, ela poderia ser prevenida. A dieta inadequada e o estilo de vida sedentário são os principais fatores responsáveis por este problema. A proliferação de alimentos altamente processados, ricos em calorias vazias e pobres em nutrientes, e simultaneamente o aumento do tempo despendido em atividades sedentárias, como por exemplo profissões que exigem longos períodos sentados, não é surpreendente que a obesidade esteja a tornar-se tão prevalente.
No entanto, a obesidade não é uma sentença inevitável. Existem medidas que podem ser tomadas a nível individual, comunitário e governamental para enfrentar este desafio. A promoção de uma alimentação saudável e equilibrada é fundamental, incentivando o consumo de frutas, legumes, cereais integrais e proteínas magras, enquanto se reduz a ingestão de alimentos processados, açúcares adicionados e gorduras saturadas. Além disso, é crucial promover a prática regular de atividade física, tornando as opções de exercício mais acessíveis e incentivando as pessoas a incorporarem movimento nas suas rotinas diárias.
É igualmente importante destacar que a responsabilidade não recai apenas sobre os indivíduos. As políticas públicas desempenham um papel crucial na criação de ambientes favoráveis que apoiem escolhas saudáveis. As escolas, por exemplo, têm um papel fundamental na promoção de hábitos saudáveis desde a infância, fornecendo educação nutricional e promovendo a atividade física.
Em conclusão, enfrentar a obesidade requer uma abordagem multidisciplinar e coordenada que envolva todos os setores da sociedade. Embora seja um desafio complexo, não podemos ignorá-lo. Cada indivíduo tem um papel crucial na promoção de um peso saudável, tanto para si como para os que o rodeiam. Ao adotarmos um estilo de vida saudável e advogarmos por políticas públicas que incentivem escolhas mais saudáveis, podemos, juntos, combater a epidemia global da obesidade e melhorar a saúde e o bem-estar de todos.
Por: Madalena Rocha, médica PronoKal