Secretário de Estado da Saúde saudou debate “saudável e realista” e apontou caminhos para responder aos desafios
O Secretário de Estado da Saúde, Ricardo Mestre, encerrou este sábado, 25 de março, a 12ª Conferência de Valor APAH – Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, em Guimarães, dedicada ao tema do “capital humano”.
Ricardo Mestre destacou o papel da APAH e o debate “saudável e realista” promovido pela associação, reiterando que o Governo está empenhado em estabelecer um cronograma para a valorização dos administradores hospitalares, nomeadamente ao nível da carreira.
Escassez de 10 milhões de trabalhadores a nível mundial
“O tema do capital humano é um desafio que não é exclusivo de Portugal. A Organização Mundial de Saúde estima que, em 2030, vamos ter uma escassez de 10 milhões de profissionais de saúde a nível global, o equivalente à população de um país como o nosso”, afirmou Ricardo Mestre, chamando a atenção para um segundo número: os trabalhadores do SNS aumentaram 25% desde 2015. O Secretário de Estado notou, no entanto, que existem hoje também novas expectativas sobre a organização do trabalho, sobre o desenvolvimento profissional e sobre a conciliação com a vida familiar e tempos de lazer, que importa acautelar dentro das organizações e do planeamento da força de trabalho.
Seis eixos de ação
Para responder a estes desafios, e consolidar a resposta do SNS em torno das necessidades das pessoas, Ricardo Mestre identificou seis eixos em que o Governo está a trabalhar.
Em primeiro lugar, em garantir que o reforço orçamental do SNS é acompanhado de novas dinâmicas de planeamento e contratualização, com mais autonomia e flexibilidade para as instituições, nomeadamente na contratação.
Em segundo lugar, por forma a potenciar a utilização de recursos e a articulação dos diferentes níveis de cuidados, Ricardo Mestre destacou o já anunciado alargamento das Unidades Locais de Saúde (ULS) a nível nacional. Este modelo de governação clínica junta sob a mesma gestão hospitais e cuidados primários de uma ou mais localidades limítrofes, permitindo pensar as respostas às comunidades e aos utentes de forma integrada. Com as novas ULS, passará a ser tida em conta a carga individual de doença e as necessidades de saúde da respectiva comunidade, com a implementação de novas ferramentas de estratificação de risco, avançou o Secretário de Estado, por exemplo para efeitos de financiamento.
“Este movimento de concentração da gestão será acompanhado por um movimento de desconcentração da prestação de cuidados”, frisou Ricardo Mestre, apontando aqui para um terceiro ponto de ação: continuar a investir na criação de Centros de Responsabilidade Integrados (CRI) nos hospitais e Unidades de Saúde Familiar (USF) nos cuidados primários, modelos funcionais que dão mais autonomia e incentivos aos profissionais para atingirem os objetivos estabelecidos dentro das instituições.
Como quarto aspecto central, o Secretário de Estado da Saúde destacou os processos de negociação de carreiras em curso, a que se liga uma quinta dimensão de investimento estrutural no SNS. Nesse contexto, o governante destacou os 1200 milhões de euros alocados no PRR à saúde, que permitirão melhores condições de atendimento às pessoas mas também melhores condições de trabalho para os profissionais, contribuindo para a sua fixação.
Como sexto eixo de intervenção, o Secretário de Estado da Saúde destacou o Programa Mais Médicos, que espelha a preocupação de inverter, a médio/longo prazo, a desertificação de recursos médicos de zonas de baixa densidade populacional, parte de um planeamento plurianual de recursos humanos e investimentos que se encontra a ser vertido em diferentes instrumentos.
“Os diagnósticos estão feitos, as soluções estão identificadas e precisamos de agir, com uma estratégia integrada, potenciando o investimento dos portugueses no Serviço Nacional de Saúde e convertendo-o em melhores condições para o exercício profissional e para a prestação de cuidados”, afirmou Ricardo Mestre, apelando aos administradores hospitalares para que continuem a participar com o seu empenho e propostas na procura de soluções para os desafios do SNS.
De: https://www.sns.gov.pt/noticias/2023/03/27/valorizar-o-capital-humano-na-saude/