Hospital de Sant’Ana vai receber utentes que já podem ter alta dos hospitais, anunciou o Ministro da Saúde
O SNS vai ter novas respostas de retaguarda para os doentes da zona de Lisboa que já podem ter alta hospitalar mas estão a aguardar vaga na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados ou em lar. O anúncio foi feito esta quinta-feira, 23 de março, pelo Ministro da Saúde, no encerramento da conferência SNS SUmmit, organizada pela DE-SNS, que se debruçou sobre o funcionamento dos serviços de urgência.
Manuel Pizarro anunciou para já uma nova resposta no Hospital de San’Ana, a iniciar em abril, que vem responder à necessidade de maior capacidade de escoamento do internamento nos hospitais. Esta realidade tem reflexo na atividade das urgências, ao dificultar as admissões e levar a que os doentes que precisam de ficar hospitalizados permaneçam vários dias em serviços de observação.
“O Hospital de Sant’Ana vai começar com capacidade para acolher 30 pessoas e depois terá capacidade até 100 pessoas. A ideia é funcionar como um tampão entre os hospitais e as respostas de rede social e cuidados continuados. Não será o único tampão. É um primeiro exemplo de estrutura que pomos em marcha para mudar o cenário”, afirmou o Ministro da Saúde, anunciando que está a ser feito o balanço do plano de resposta sazonal de inverno e a ser preparado o plano de verão do SNS.
Na intervenção de encerramento do encontro, o Ministro da Saúde sublinhou a necessidade de dar resposta aos diferentes níveis de problemas que condicionam a atividade na urgência, como a procura excessiva, sublinhando que o plano de inverno contribuiu para reforçar junto da população que existem alternativas nos Cuidados de Saúde Primários. “Temos de continuar a fazer esta pedagogia”, afirmou.
O Ministro da Saúde explicou ainda que a reorganização em curso nas urgências de algumas especialidades em Lisboa visa melhor organização e que os serviços funcionem sem falhas.
No caso das urgências pediátricas, indicou que apenas 14% dos atendimentos ocorrem em período noturno e que o novo regime de funcionamento em Lisboa equipara com o que existe no Porto há mais de uma década. “A Área Metropolitana do Porto tem 2000 quilómetros quadrados e tem cerca de 1,8 milhões de habitantes. A Área Metropolitana de Lisboa é, aproximadamente, 50% maior. Em área 3000 quilómetros quadrados e 2,8 milhões de habitantes. Na Área Metropolitana do Porto, há mais de uma década que só estão abertas 24 horas por dia três urgências pediátricas. Mesmo depois deste esforço de reorganização, na Área Metropolitana de Lisboa vão ficar abertas em permanência sete urgências pediátricas, mais do dobro”, afirmou.
O Ministro da Saúde assumiu também o objetivo de criar equipas dedicadas ao serviço de urgência, que compensem os profissionais por uma atividade exigente do ponto de vista físico, técnico e emocional e também mais desgastante, indo ao encontro às recomendações do encontro.
“O sucesso do SNS nas últimas décadas foi uma construção coletiva”
Manuel Pizarro saudou a iniciativa da DE-SNS, com elevada participação e que consistiu num fórum de discussão aberto com profissionais e dirigentes da saúde. “O sucesso do SNS nas últimas décadas foi uma construção coletiva. Uma construção dos profissionais de saúde, aos mais diversos níveis, e uma construção das populações que apoiaram sempre o SNS. Não podemos querer reformar o SNS, melhorar o SNS, nas costas das pessoas ou sem a participação das pessoas. Isso estaria fadado ao insucesso e por isso muitos parabéns por uma iniciativa que teve aqui, no auditório do Hospital de Santa Maria, mais de 250 pessoas e online mais de 3 mil pessoas. Mostra bem que não falta energia e não falta apoio para a reforma que o SNS tem de sofrer”, afirmou o Ministro da Saúde.
“É por saber que esse apoio não nos faltará que estou sempre tão otimista sobre o que vamos fazer, porque vamos fazer mesmo. É tempo de agir e nós vamos fazer com que o SNS ultrapasse estas dificuldades e prove no futuro aquilo que foi capaz de provar até hoje”, concluiu.
De: https://www.sns.gov.pt/noticias/2023/03/24/aliviar-pressao-das-urgencias/